(Isto a propósito da minha série de tv favorita – Foi assim que aconteceu...)Bem, na verdade, já o conhecia de vista... Ele frequentava (hipérbole) a mesma escola do que eu (Preparatória da Amadora), mas enquanto eu estava no quinto ano, ele estava no sexto... Agora imaginem um rapaz gordinho, baixinho e com feições de cigano. E a minha característica preferida: Tinha um rabixo. Sem exagero, com 30 cm de comprimento. Tome nota: sem exagero! Não havia como não notar nele. Um matraquilho que era lá dos gangs do Senhor das Moscas de Carenque e que gostava de distribuir tabefes a putos magrinhos e com óculos... Xi, quem é que se ia meter com gajos assim? Com um rabixo? Porra... Agora, ele foi viver para o meu prédio e lembro-me como se fosse há 1 semana, o meeting. Vi-o a chegar com os Pais (vestia calças de ganga azuis claras, t-shirt branca e ténis desportivos, tudo made in feira de carca) e pensei, xiii, olha quem é o artista? E ele nada, mas olhou para mim com cara de que me reconhecia de algum lado... Fui jogar á bola com uns putos lá na rua enquanto a sua entourage foi checar a casa nova. Depois a minha mãe chamou-me, tiago este menino também anda lá na tua escola! Eu, ah é? Hum, não tou a ver... Ele estende-me a mão sem dizer nada e depois do passou-bem, diz, ricardo, tu-u bem? Ya, bora jogar á bola, respondo. Jogamos umas breves horas e pensei, fixe outro com pés quadrados, como eu... E tinha outra característica a jogar á bola que eu adorava: era capaz de fazer uma permanente de nível profissional a si próprio quando se preparava para bater um penalty. Depois ele perguntou, xamaxte quê? Tiago, respondi, Tiago... Já t’ vi na excola, diz. Ah é? Eu não tou memo a ver, respondo. Pergunta, tão e ‘qui é fixe e o caraxas? Respondo, eu gosto. Pá, não ádas na tuma do Veío, pergunta. Eu respondo, ando ando... ele, ya... eu, ya...
Não resisti á provocação e digo-lhe, epá esse rabixo a ti até te fica bem... ele passa a mão pelo cordel de cabelo e olha para mim rindo-se. No dia seguinte, já não o tinha e a partir daqui, todos os putos que ele conhecia pensavam que ele era um puto normal. Mas eu sabia a verdade... Eu sabia que ele era um lost boy.
Juntos, vivemos muita história engraçada... Um dia reporto algumas só naquela, para a posteridade.
Ainda é meu amigo, dos mais antigos e dos melhores, mas ás vezes falha-me em grande estilo. Fazer o quê? Tá cá dentro. E pronuncia salsicha como ninguém.
E eu até entendo o porquê das falhas-môr...
É que isto de brincar aos policias e ladrões com água pelos tornozelos tem o que se lhe diga...